Com menta naquele lugar. É bom.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 18

- Por rebeldia ou medo?
- O que? - Responde Constanza arrumando a cama.
- Por rebeldia ou por medo, que você fugiu.
- Não fugi.
- Então por que sumiu?
- Minha vó faleceu, e fui me despedir dela.
- Bom saber que você tem família. Que mais?
- Eu sei que você sentiu minha falta, mas não precisa fazer drama. Estou aqui agora, isso que importa.
- Não. Não senti sua falta, em primeiro lugar, segundo que não sei quem você é, onde trabalha, até mesmo onde mora. Não acha que devo saber o mínimo de sua vida, para te aceitar em minha casa?
- Também não sei nada de sua vida, de onde veio, o que faz pra ter dinheiro, somente onde mora.
- Não sou de falar de minha vida.
- E por que eu tenho que falar da minha. Achei que fossemos um casal livre.
- Ta bom, vou falar um pouco de minha vida. Matei minhas duas últimas esposas, tenho um filho bastardo por aí, e assaltei um banco alguns anos atrás, que me proporciona uma vida tranquila.
- E eu sou puta.
- Engraçado, minhas esposas também eram.
- Qual era o nome delas, quem sabe eu não conheça.
- Lígia e Patrícia. E você, o que mais?
- Trabalho aqui perto, no Centro, divido um AP com duas outras amigas.
- E posso saber teu nome verdadeiro?
- Angélica.



Durante toda a semana, Constanza ficou com Carlos em seu apartamento, onde desfrutaram um do outro, e mataram a saudade que há tão pouco dilacerava Carlos por dentro e fora. Dias mansos, de amizade e conhecimento. Aos poucos, se permitiam e se descobriam, de uma forma sincera e sem vaidade. Dormiam de conchinha e diziam coisas tímidas ao pé do ouvido. Constanza ensinava Carlos algumas receitas, Carlos ensinava pintar. Revezavam na limpeza, revezavam na cozinha. Na cama, Carlos na esquerda, Constanza na direita. No banho, Primeiro Constanza, depois Carlos. Na pia do banheiro, ambos escovavam os dentes, dividindo o mesmo espelho. No armário, Cons conseguiu espaço. Duas gavetas para cada, cabides para Cons, e prateleira para Carlos.
Nas sexta-feiras, jantavam algo especial à noite na varanda. Nos sábados, iam ao cinema. E nos domingos iam à praia bem cedinho. No resto da semana, bebiam vinho, faziam compras, conheciam algum lugar novo, e conversam sem parar, sempre bebendo alguma coisa, para não deixar secar a garganta. Aos poucos, os olhares de um para o outro mudava. Um olhar de conforto, e admiração. Alguns gestos de carinho era comum nas pequenas horas, apesar de tímidos, para não perder o orgulho, demonstrando um pouco daquilo que o peito transbordava. Amor puro.

Vermelho Cor de Sangue - Parte 17

Carlos um dia depois de reencontrar sua amada, andando pelo Centro, foi atingido por um carro ao atravessar uma rua, que o deixou estirado ali, em plena Rio Branco com Avenida Chile. Foi levado ao hospital, vivo, sem risco de vida, mas com uma perna quebrada e a outra muito machucada. Com ajuda de enfermeiros, depois de atendido foi levado para casa, onde deveria ficar de repouso até melhorar. Pedro, seu amigo, foi comunicado e imediatamente foi ajudar. no dia seguinte do ocorrido, Constanza sem saber de nada, foi à casa de Carlos o visitar. Quando chegou e viu o estado em que se encontrava, ficou impressionada e abalada. Se dispôs a ajudar, assim dispensando a ajuda de Pedro, que confiou na jovem guria.
Durante as noites de carnaval, Constanza ficou ao lado de Carlos, trocando os curativos, cozinhando, auxiliando no que ele precisava. Nem sempre dormia com ele. Quando dormia, apesar de estar com as pernas fodidas, transavam. Carlos não podia fazer muito esforço, mas sempre arranjavam um jeito menos doloroso para fazer amor. Nas noites que Constanza não dormia com ele, Carlos suava e fumava, passando as vezes a noite em claro, no quarto escuro, sentindo a falta de sua Cons.
Aos poucos, com a recuperação rápida de Carlos, já podia se levantar, andando de muletas, e não precisando tanto da ajuda de Constanza para algumas coisas, como ir ao banheiro, ou até preparar algo para comer. Consequentemente as visitas de Constanza já não eram tão frequentes, e logo suas noites sozinho sempre trazia alguma frustração, pois o carnaval já ia se despedindo, e tudo que queria era não ficar preso em casa no meio de tanta festa. Não que Carlos ligasse para carnaval, mas no fundo se sentia agoniado por estar à parte de todo aquele clima de alegria que reinava em toda sua volta. Na verdade Carlos tinha medo de Constanza se perder naquele carnaval e não mais voltar, medo de seu amor se misturar em toda aquela purpurina e serpentina.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 16

Era uma noite que antecedia o carnaval. Fazia um calor descomunal, e toda a cidade já estava enfeitada com fitas coloridas nos fios dos postes. Uma energia diferente circulava entre as ruas de Santa Tereza. Música até depois das dez horas da noite, bares cheios, crianças acordadas até tarde e muita lata pra cachorro virar. Naquela noite, já perto da meia-noite, começou a chover forte apesar do calor, num intervalo pequeno de dezenas de minutos, se ouvia algumas pessoas correndo rindo, brincando naquele aguaceiro que caía. Carlos foi até a varanda, sentir um pouco daquela chuva que dava boas vindas ao carnaval refrescando os mascarados que vagavam àquela hora nas ruas. Ouvindo passos não-lineares batendo ora forte, ora fraco, cambaleante nos paralelepípedos, Carlos avista uma mulher de vestido preto, ensopada, com um andar meio bêbado, tentando fixar uma direção. Imediatamente pensa em ajudá-la e então desce do jeito que se encontrava até a tal mulher. Quando sai de sua porta, a mulher está encostada em um muro, segurando uma máscara de carnaval veneziano. Quando vê a aproximação de Carlos, ela leva a máscara ao rosto e pergunta:
-O que queres meliante?
-Só vim saber se está bem.
-Claro que estou bem, pode voltar para seus aposentos. Responde a menina, entonando uma postura teatral.
-Tem certeza? Está enrolando a língua para falar.
-Claro meliante. Xô!
-Tudo bem. Boa noite! Carlos responde dando as costas em seguida.
Mas a jovem menina o manda parar. Carlos pára e olha para trás. Então ela o chama de volta acenando com o dedo. Carlos se aproxima e então a menina tira a máscara, mostrando sua face delicada molhada e aparentemente cansada - Senti saudades de você - Carlos continuou parado, olhando fixamente nos olhos da guria.
-Me perdoa a distância, meliante.
-Logo numa noite de carnaval - Responde Carlos.
-Você não sabe o que significa o carnaval.
-Não significa nada.
-Assim como sua obra, seu bandido.
-O que quer dizer com isso? - Pergunta inquieto.
-Você não entende a liberdade da vida, das coisas...
-O amor só é livre quando é amor à dois.
-Sua obra reflete teu coração. Foi por isso que o deixei.
-Você jogou fora o meu amor, nosso amor. Literalmente.
-Fui embora justamente porque não entende nada de amor, ou arte.
-Me senti violentada, presa.
-Te dei a maior liberdade do mundo, mas você foi tão infantil quanto essa máscara que carrega.

Ela larga a máscara no chão, enquanto uma lágrima se perde com a água em seu rosto e o beija. Um beijo quente, de abraço forte. Em seguida os dois se desculpam simultaneamente e acham graça, depois se beijam e se abraçam com mais força, ali no meio de toda aquela chuva de verão, no meio de todo aquele carnaval.
Foram para casa, os dois juntos, abraçados em silêncio. Ao entrar, Constanza olhava tudo com o olhar de novidade. Carlos pegou algumas roupas suas para ela vestir e foi se enxugar. Enquanto se enxugavam, atnes que se vestissem, se olharam e não conteram o instinto, se agarrando e ali despindo o pouco de roupas molhada que escondia seus corpos. Foram para o quarto esbarrando pelas paredes, quase ficando pelo corredor, mas a cama os puxava. Deitaram no colchão com alguns rasgos, sem lençól e foram se chupando e se mordendo, ofegantes, com sede e fome de meses. Ora Constanza contraía todo o corpo com arrepíos, ora relaxava e se deixava possuir quase em transe. Carlos ía com fome, agarrava com força, mordia, batia, e ela gostava e em resposta o arranhava. Fodiam como nunca antes, sexo com amor e saudade. Se prendiam um ao outro como se fossem fundir seus corpos e gemiam alto, como se não houvesse mundo. Assim que gozaram juntos, descansavam amontoados, carne, suor e porra. Enquanto Constanza descansava, deitada sobre o peito de Carlos, levanta-se rápido e pede para que Carlos a espere e sai do quarto. Depois de alguns minutos, Constanza pega Carlos pelo braço e o leva até a sala. No chão, pano de tela forrado com algum bocado de tinta derramado na tela. Em seguida deitou-se de frente para Carlos de pernas abertas, o chamando. Carlos então deitou-se sobre ela e sem pré-eliminares começaram a foder ali no chão, rolando entre a tinta derramada sobre a tela. Novamente gozaram arte, como uma forma de voltar atrás naquilo que erraram. Fizeram amor até perto de amanhecer e então pararam exaustos. Ainda sem falar nada, foram para o banho, onde se acariciaram e se masturbaram e se limparam de toda aquela tinta. Ao sair do banheiro, Constanza preparou um café, enquanto Carlos fazia algo para comer. Beberam café sentados no chão, perto da varanda, nus, ainda sem dizer uma única e qualquer palavra. olhavam o sol nascer e dizer boas vindas ao amor. Os blocos tomavam as ruas, o sol trazia calor e alegria, Carlos e Cons dormiam, com os corações tomados de folia.

domingo, 8 de agosto de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 15

Dentro de casa já não se sentia tão à vontade. Carregava um peso que o fazia querer andar, e ao mesmo tempo uma agonia, um incômodo consciente de não querer pausar naquele marasmo. sentia-se como estivesse morrendo. Entre o não-querer daquele marasmo e a indisposição, Carlos começa a agredir o próprio corpo, inicialmente como uma brincadeira, mas conforme via que o choque de sua mão fechada contra o oposto braço lhe dava um ligeiro e imediato alívio, passou então a bater com mais força, e em seguida não só em seu braço, mas em todo o corpo. Costas e perna. Talvez fosse o barulho do impacto, ou fosse realmente a dor. Começa então a brigar consigo. Uma briga entre a cabeça e o corpo. A cabeça defendendo os desejos, o corpo refletindo a necessidade. Desejos de reencontrar Constanza, e tirar o peso da solidão. Necessidade de calor, sexo e compania. A dor era apenas um sentimento, um meio de estar próximo daquilo que no momento almejava.
A carne que era branca, então passou a ficar avermelhada, cansada, dolorida. De repente pára por um instante. Se senta ofegante na poltrona e leva as mãos ao rosto, tapando os olhos, escondendo-se do que não sabia exatamente o que era, mas sentia-se seguro. Rapidamente lembrou-se de quando era criança, e fazia o mesmo quando temia algo. Tapava o rosto, deixando pequenos espaços entre os dedos e por ali, observando o que estaria à sua frente, isso lhe dava uma sensação de conforto e segurança. Encostou e relaxou, quase chorou, mas não chorou.
Uma abstinência quase mortal. Como um homem que se entendia por independente, poderia ficar num estado de total descontrole e dependência por causa de uma fêmea? Obviamente não uma fêmea qualquer, mas uma fêmea cheia de mistérios. Carlos não sabia e pouco se importava para o que ela fazia, onde morava, de onde viera, nem o signo dissera. Tão misteriosa quanto uma droga. Carlos bebia aquele veneno sem medir as consequências. Como vinho, bebera demais e agora vomitava toda aquela dor de mal-amor. Mas era muito além de um porre emocional. Toda aquela sua destruição se assemelhava mais à cocaína, tendo por conta as características emocionais de Carlos. Talvez uma mistura de cocaína e vinho. Vomitava toda aquela paixão, mas dentro dele, queria muito mais. Queria consumi-la até seu fim, e consequentemente, quem sabe morrer com um tiro no peito, mas o destino não é gostoso como imaginava. É imprevisível, assim como tudo que acontecera na vida de Carlos, exatamente tudo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 14

O ambeinte já não era o mesmo. A cama, o par de xícaras, as velhas roupas, a cozinha americana, os quadros, e por último, a varanda. Só lhe restava a poltrona, onde dormia, pensava, comia, rabiscava algumas coisas e via a vida passar, sem fazer nada. Dinheiro tinha de sobra, que era de herança, mas a vida não se resume em bem-estar capital, e sim em ter uma vida, deixar algo para a posteridade, ou simplismente criar algo para si, e usurfruir daquilo até a morte. Já se passavam alguns meses desde que haviam brigado, e Carlos ainda se encontrava em plena inércia. As vezes sentia algum cheiro e se lembrava dela. Os olhos pequenos e cor de mel, os cabelos até os ombros, a pele branca, levemente dourada, os lábios finos, mas bem definidos, o nariz pontudo, nem tão grande, nem pequeno. Mediano, assim como os seios. Mãos delicadas, sem esmalte. Abaixo do umbigo, tudo muito normal, porém especial, delicado, envolvente. E por fim as coxas macias e lisas. Conztanza era uma mulher de muitos cheiros, mas em geral, seu perfume Carlos nunca encontrou igual. Um cheiro único, que sentia falta.
No colchão, o cheiro lembrava suas coxas e cangote. Quando cheirava suas mãos que fediam a cigarro, lembrava dos seios. No chuveiro, o cheiro do box, enquanto a água descia pelos seus lábios, se lembrava do cheiro de seu cabelo e do gosto de sua boceta. Ao ficar pronto o café, o cheiro que circulava pela casa lembrava seus pequenos pés, esfregando nos seus. Um universo de sensações e lembranças. O pouco que fazia Carlos ainda querer viver, e manter acesa a esperança de reencontrá-la e pedir desculpas.

Abriu a geladeira, pegou a água e encheu o copo. Em seguida pegou a xícara de café. O açúcar estava no final, então pegou um novo saco de açúcar e cortou com a faca para colocar no recipiente. Lembrou ligeiramente dos antigos sacos de leite. Era um perigo, sempre derramava um bucado. Em seguida colocou duas colherzinhas de açúcar, mexeu e bebeu. Depois do último gole veio a sede, então bebeu o copo d'água gelada. Geralmente fumava um cigarro enquanto tomava seu café, mas de vez em quando gostava de beber água depois de um café quente e doce. O que era quase um vício caseiro. Provocar a tensão e o alívio. Com café provocava a sede, em seguida saciava com o copo d'água.
Deitou na cama para dormir. Um vício que também tinha era tomar café à noite. Muitos diziam que fazia mal, que não descançava a mente ou perdia o sono, mas para Carlos era como um calmante. Mania inclusive que resultou em separação com algumas mulheres que passou por sua vida. Adorava beber café depois de transar. Elas além de não gostar da ideia, não permitiam. Fodiam e dormiam. Mulheres diferente dos clichês em filmes, as de Carlos nunca conversavam, ou discutiam a relação depois da transa.
Acordou, não como um dia qualquer, com remelas nos olhos e o gosto amargo na boca. Acordou timidamente apaixonado. E também não uma paixão qualquer, com carne, voz e vida, mas se sentia seguramente apaixonado por alguém que não existia. Uma mulher que namorava em seus sonhos. E podia afirmar dizendo também que não é um sonho qualquer, com surrealismo e tragédia, mas um sonho com sensações tão reais do qual sempre acorda, com o coração acelerado, quase pulando fora, e o sorriso tímido, as vezes quase disfarçado, dentro de si.

Hotel Patis, Praça Tiradentes. Caminha de lá para cá sem saber exatamente onde ir. Entra no Hotel, desce uma pequena escada de seis degraus, e chega numa sala um pouco pequena que toca rock britânico, com algumas pessoas dançando. Sai do Hotel, dá meia volta pela calçada e decide voltar ao local, desta vez por uma outra porta, onde encontra uma sala que daria acesso ao lugar onde parecia ser uma festa. Vai até a porta, mas está trancada, e há um segurança negro, alto e forte ao lado. Carlos tenta novamente abrir a porta e o segurança o impede, mas Carlos insiste dizendo que é jornalista e precisa entrar para cobrir a festa. O segurança cede, e Carlos volta para a festa, acendendo um cigarro. Percebe que a festa está mais cheia. Olha para o balcão do bar e vê duas jovens meninas encostadas. Uma criança chega perto de Carlos e pergunta por que ele fuma. Carlos responde com uma gargalhada inesperada e aparentemente doentia. Se aproxima de uma das meninas, com olhos verdes, pele branca e cabelos castanho escuro, mas não diz nada, a beija. Tudo fica escuro, e quando Carlos abre os olhos se ve dentro de um banheiro sujo, fodendo a jovem guria de olhos verdes. Fode com força a menina que grita de prazer. Branca com tatuagem nas costas e seios pequenos e caídos, mas apesar de tudo graciosa. Goza e se veste. Quando sai do banheiro encontra a outra menina, vomitando. Acorda confuso.

Não trabalha, consequentemente não precisa acordar cedo, mas mesmo assim, tenta acordar antes do almoço. Talvez uma das piores sensações que tem, é acordar depois do almoço. Uma sensação de que metade de seu dia se perdeu, talvez uma sensação de que esteja vivendo menos.
Acorda, ainda com muito sono e vai direto para o banho. Liga o chuveiro, ainda fora do box. Água fria. Deixa uns 30 segundos a água cair e molhar o box, e então entra mas sem entrar na água. Mija, molha as mãos, molha o rosto e então cai debaixo do chuveiro.
Durante o dia, uma mistura de ócio e espera, ansiedade, café e água.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 13

- Segue, vira na segunda à direita, e tu vai encontrar a Casa 191, beleza?
- Valeu!

Uma rua de paralelepípedos, suja, com lixo pelas calçadas, onde na verdade a "segunda à direita" era uma viela escura, com uma placa vermelha em neon escrito "Club 191", e um homem negro alto, de terno na porta, com os braços cruzados. Na entrada, o segurança deu uma comanda dizendo que haviam na casa 20 mulheres para 17 homens. Carlos pegou a comanda e subiu a estreita escada com luz neon vermelha, tão ofusca de dar dor nos olhos. A escada dava num grande salão, escuro com algumas luzes piscando, além da luz que vinha de trás do balcão do bar. O pouco de luz que havia no ambiente iluminava a moça semi-nua que dançava na barra de ferro no centro do salão. Algumas outras meninas circulavam pelo local, outras riam no colo dos frequentadores, além das que bebiam desanimadas no balcão do bar. Carlos se direcionou ao balcão e pediu uma cerveja. Nesse instante algumas moças o olhavam tentando imaginar suas intenções ali dentro, pois muitos dos que frequentam esses lugares, basicamente vão para beber e alisar as moças. Carlos fingiu que não percebeu as olhadas, e ficou observando as bebidas das prateleiras tomando sua cerveja. Uma das moças, uma loira alta, de meia calça arrastão, short de couro e uma blusa bem curta sentou-se ao lado de Carlos e tentou puxar algum tipo de assunto clichê de puteiro. Carlos respondia secamente dando mais atenção à sua cerveja. Pediu outra cerveja e continuou calado, não atenção à puta, que percebendo que aquele sujeito nada queria, se afastou fazendo careta. Mas na verdade Carlos queria uma das moças ali presentes, mas ele tinha uma tática para atrair a melhor. Comprar bebida e demonstrar desdém. Aos poucos umas quatro meninas fizeram o mesmo, de ir à ele tentar alguma simpatia, mas de nada valeu. Quando no relógio entrava na casa das duas da manhã, uma certa menina morena de pele clara saiu de trás de uma cortina no fundo do salão. Obviamente todos os varões presentes no recinto caíram de olhos na jovem menina de seios de fora, e uma minúscula calcinha que dava margem à sua tatuagem de borboleta perto da virilha. De nariz empinado, se dirigiu ao bar num passo elegante em cima dos grandes saltos. Encostou os cotovelos no balcão de costas para o garçom olhando como se não quisesse nada para o salão - Garçom! Um drink para a jovem aqui! - Pediu Carlos. A jovem moça o olha com um sorriso singelo na boca. O peixe mordera a isca. O garçom um pouco suado sacudia a coqueteleira enquanto a menina pegava um cigarro. Rapidamente surge um homem, com um isqueiro na mão oferecendo para ela. Assim que acendeu, ele se dirigiu ao seu ouvido e disse alguma coisa. Pelo reflexo do espelho, Carlos viu o gesto com a cabeça de negação da menina. O cara de camisa social se afastou e voltou em seguida, ao que parecia insistir, mas novamente a doce menina negou. Assim que o drink ficou pronto, a menina se virou para o bar e bebeu tudo e poucas goladas, enxugou os lábios com um guardanapo e tragou o cigarro e disse para Carlos - Vamos? - Carlos deu a última golada na cerveja ainda pela metade, e acenou com a cabeça. Ela segurou-o pela mão e o levou para um dos quartos.

Primeiro tirou a camisa, olhando em volta como era o quarto. Depois tirou as calças olhando para a menina, que ja estava deitada na cama, de lado olhando para ele. Em seguida os sapatos e meia
- Qual seu nome? - Perguntou Carlos
- Sophia, e o seu? - Respondeu ela.
- Maurício. Não queria revelar seu verdadeiro nome, assim como ela.
- Quantos tem Sophia?
- 24.
- Mentira.
- Veio para conversar ou pra foder? - Cortou a menina.

Então o puxou até a beira da cama descendo sua cueca e ali de bruços, fazia sexo oral em Carlos olhando em seus olhos. Carlos estava excitado, mas um tanto nervoso. A puxou delicadamente pela nuca e a tirou de seu pênis. Em seguida Sophia tirou o pouco de roupa que matinha no corpo e chamou Carlos para se deitar. Primeiro foderam um pouco papai-mamãe, depois de lado, rolaram pela cama e então foderam de bruços. Enquanto Sophia gemia fingidamente, Carlos não conseguia deixar seu pênis totalmente ereto. Parou um pouco para respirar e Sophia o olhava, um tanto ofegante.

- O que houve, cansou? Perguntou a prostituta.
- Nada. Respondeu Carlos vendo que seu pênis cada vez mais amolecia.
- Ta nervoso, é a primeira vez meu bem?
- Não, só um pouco cansado. Mentiu para diminuir a gravidade.
- Olha, podemos fazer alguma brincadeira... Você tem alguma fantasia?
- Não sei.
- Ah, todos têm.
- Não tenho nada em mente...
- Você é casado, tem namorada?
- Não.
- Mas já teve alguma namorada...
- Já sim. Respondeu já sentado na beira da cama, enquanto Sophia tocava seu clítoris.
- Qual o nome dela?
- Fernanda.
- Então agora você irá me chamar de Fernanda, tá?

Em poucos segundos veio todo um filme na cabeça de Carlos, voltando no tempo de escola, quando era apaixonado por Fernanda e se masturbava três vezes ao dia. Sophia o deitou na cama e voltou a fazer sexo oral em Carlos, que de olhos fechados se lembrava da boca delicada de batom rosa. Tentava imaginar que aquela sucção em seu pênis fosse de Fernanda, e logo se sentiu um rapaz de 12 anos. Aos poucos seu pênis foi ficando novamente ereto, e Carlos se levantou e começou a penetrar em Sophia que agora atuava como a jovem Fê. Enquanto fodia em cima da jovem "Fê", ela gemia e dizia de forma bem sensual - Vai Maurício! - Mas para a decepção seu nome de guerra o fez desconcentrar em sua bela fantasia. E então Carlos sussurrou no ouvido de Sophia - Carlos - Ela certamente achou que Carlos fosse o nome de alguém que ele queria imaginar fodendo a tal da Fernanda, mas não pestanejou e gemeu de forma mais intensa seu verdadeiro nome - Vai Carlos me fode vai!
Carlos a pôs de quatro e fodeu, agora com seu pênis ereto e intenso. Ela cada vez mais gemia forte, e gritava seu nome, alternando as palavras obscenas. Cada vez mais intenso, Carlos entrou em transe, a ponto de se ver no vestiário feminino do seu antigo colégio fodendo a paixão dos seus 12 anos, e então gozou como jamais gozaria em sua vida até então. Ofegante, caiu para o lado e respirava, olhando para o teto, ouvindo Sophia respirar cansada ao seu lado. Vestiu a roupa e saiu do quarto, sem dizer tchau. Pagou a conta de sua noite, pegou um taxi e foi embora. No caminho, morgava no banco traseiro, na altura do aterro do Flamengo ouvindo uma canção na rádio, dessas antigas que vem para nos trazer nostalgia. Nostalgia era a palavra do dia.


terça-feira, 13 de julho de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 12

Talvez o certo seja desistir. Talvez eu pare de beber. Talvez eu largue o cigarro, temporariamente. Talvez eu nem saiba quem sou eu.Talvez eu esteja ficando louco. Como num sonho ruim, onde tudo é muito escuro, e nada dá certo. Parece que a gente vai ficando cego, que por mais que tente abrir os olhos, a claridade forte não deixa, e então a cegueira fica confortável, e você só fica a ouvir. E de repente você acorda, e vê que toda cegueira não passou de um sonho, e toda aquela escuridão foi só sua cabeça tentando te amedrontar, pois na vida real, a claridade de chama para a vida, o sol forte que foge à perciana quebrada vem te acordar com tapas na cara. Se ele falasse estaria dizendo: Acorda filha-da-puta!


Depois de dramaticamente acordar um tanto assustado, o preguiçoso Carlos não vê mais saída para a aflição que carrega em seu peito. Nada te interessa na rua, e muito menos dentro de casa. Pois na rua ele alimenta a venenosa esperança de encontrar Constanza, e dentro de casa apodrece à espera da campaínha. Nesse vai-vem emocional, Carlos encontra no chão perto da porta um papel que muito parecia uma carta. Nela dizia "Para o dono dos quadros de merda". Imediatamente abriu o papel e lá havia sim, uma carta, ao que tudo indicava, da pessoa que esperava. Mas antes de ler afobadamente, respirou, sorriu, foi até a poltrona, acendeu um cigarro e então passou os olhos minuciosamente em cada palavra, vírgula, ponto, rasura, dos longos garranchos que no final assinava como "Sua Constanza inconstante".

Ficou um tanto apreensivo ao ler a carta, e se perguntando quanto tempo a carta já não estaria ali em sua porta, já que ela não datou no papel o dia que escreveu. Mas ficou tranquilo ao pensar que pelo menos os dias que vai se torturar à espera dela, serão menores. Na carta, além da bronca pela discussão no último encontro deles, ela diz que terá que se ausentar por um bom tempo, não deixando claro quanto tempo, mas ressaltando no último parágrafo que voltaria.
Assim, Carlos há de fumar e roer unhas, pois tanto ela pode chegar amanhã, no próximo verão, ou então tarde demais, aponto de não encontrá-lo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 11

Uma semana. Maços e maços, marcas de uma semana vazia. Maços vazios. Carlos ainda se sentia angustiado por ter sido jogado fora um quadro que, pintado por seu amor, fôra rejeitado pelo mesmo. Além da sociedade querer impor uma vida a ele, na qual rejeitava até os fios de cabelo em sua cabeça, esta mesma também o reprimia. Num estado de revolta e baixo estima, sentia vontade de cuspir nos quadros, na casa, em tudo que fazia parte de sua vida, inclusive em Constanza, mas não tinha coragem. Foi ao banheiro e cuspiu no espelho, em seu reflexo. Era uma forma de rejeitar a arte, ou ao menos seu criador. Incomodado com a vida, a que não queria levar e a que levava, decidiu fugir, arranjar outro e qualquer ambiente para refletir. Algum lugar que lhe desse a sensação de novo, algo que o fizesse sentir uma pessoa melhor. Queria um alívio imediato.
Foi à banca de jornal, comprou cigarros. Nem tão forte, nem tão fraco. Entrou em ruas que não costumava passar, observou lugares que passavam despercebidos e que sempre estiveram ali, sem que ele desse sequer uma única olhada. Cumprimentou pessoas que não conhecia, jogou guimbas de cigarro em meio-fios que até então não existiam.
Cansado de procurar, entrou num bar e pediu uma cerveja gelada. Bebendo no balcão, viu uma mulher sentada em uma mesa, sozinha, bebendo água. Reparou naquela mulher atraente e em seguida desviou o olhar para a rua. Sentiu um olhar recíproco pelo reflexo. Os olhos azuis dela contornara o corpo bruto e tenso de Carlos.
Antes que ela desviasse o olhar, Carlos olhou-a em seus olhos, a encarando por alguns segundos e consequentemente recebeu um sorriso pela ousadia da intrigante mulher.
Em seguida ela se levanta com um lenço vermelho na mão, vai até um espelho no fundo do bar e começa a vestir o lenço na cabeça. Enquanto vestia o lenço que lhe dava o ar de camponesa européia, o desejo dele era beijá-la do cangote até seu limite, pegá-la no colo, levá-la à cama, despi-la e foder. Queria transformar o tédio em gozo e depois ouvir quieto, deitado com a cabeça em seus seios os desabafos da jovem guria. Mas para seu tormento, ela vestiu o lenço, ajeitou a franja e saiu do bar, o deixando sozinho, passivo e quieto, se remoendo naquele marasmo de boteco.
Pequena, meiga, de lábios bem hidratados e pele lisa, como a de uma menina, sem rugas, sem cicatrizes, ou sequer marcas de sofrimento qualquer. Tinha olhos azuis e sinceros, como um novo mar para navegar, o mar que precisava. Um mar sereno, diferente do estado tempestade que se encontrava seus olhos cansados. Aos poucos perdia em cada golada no copo de cerveja as efêmeras e pequenas lembranças da jovem de lenço na cabeça. O álcool apagou tudo, inclusive a tensão que o levou ao bar, e também seu passageiro tesão.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vermelho cor de sangue - Parte 10

Haviam feito amor na poltrona. Depois de gozar, Carlos se dirigiu ao banheiro para lavar seu pau, e ela na sala, nua, a sua espera. Quando volta, a vê sentada no chão, ainda nua, com os pés dentro da lata de tinta. Brincando com os pés num balde de tinta vermelha. Aquela cena o excitou, e logo foi se sentando atrás da guria, a deixando entre suas pernas. Começou beijando-a no pescoço, a deixando excitada, enquanto as mãos massageavam suas costas, a deixando relaxada. depois levava suas mãos um tanto brutas às coxas suaves descendo até a virilha, apertando a carne macia até sua boceta, tirando da guria depois de rápidos suspiros, um gemido.
Enquanto a mastubava, ela mexia os pequenos pés dentro da lata de tinta, transbordando uma pequena quantidade, conforme o prazer que sentia. Excitado ao ver aqueles pés-vermelho-inquietos levantou-se, pegou um quadro limpo e colocou ao alcance de seus pés. Pôs-se de frente à Constanza, que sentada e com os pés ainda na tinta, agora fazia fazia sexo oral. Carlos agarrava em sua nuca, trazendo a cabeça de Cons para seu corpo, e num instante de dor, tesão e espasmo, Constanza derruba a lata sobre o quadro, e começa a esfregar os pés sobre a tela. Carlos cada vez mais excitado agarra com mais força os cabelos embaraçados da jovem guria, e esta por sua vez movia os pés como numa dança, em que o que regia sua pernas era algo além de sua consciência. Agora com um pouco mais de dor e tesão, consequentemente, Carlos gozava nos seios de Cons, que de olhos fechados, jogava a cabeça para trás e ouvia os gemidos de Carlos, tirando os pés banhados de tinta do quadro até então pintado.


Enquanto Carlos preparava um café fresco e Constanza limpava a casa, ele pensava no futuro. Aquela menina que a pouco era um mistério, um sonho, agora, alí em sua frente, era concreto.
Sentados perto da varanda, olhando a rua e tomando café pela tarde, Carlos olha para sala e sente falta de algo.

- Cadê o quandro que tu fez com os pés?
- Ah ficou horrível... - Responde ela, sem dar muita atenção.
- Cadê ele?
- No lixo.

Carlos olha com raiva para Cons e num tom bem mais alto reprime - Porra, tu é maluca? - E ela sem muito entender, responde perguntando e se indagando ao mesmo tempo - Por que? - Carlos corre até a porta, mas desiste de ir até a lixeira do sobrado, bate violentamente com as mãos na porta e grita - Porra! - não acredita no acontecido.

- Calma amor, não gostei dele... Você gostava dele?
- Porra tu não sabe o que é arte, caralho?
- Olha como você fala comigo!
- Foda-se!
- Porra parece que você prefere o quadro mais do que eu. Tu é viado? - Pergunta Cons um tanto perplexa.
- Ignorante. - Resmunga.
- Enfia no cu então. - Pegando sua bolsa, com os olhos vermelhos, anda até a porta e não olha para trás.

Carlos vê a guria indo embora e não diz nada. Sua raiva é maior que o receio de perdê-la. Dentro de sua cabeça, a xinga com todos os palavrões que conhece. Quase chora, bate, grita de dor e ódio. Respira. Olha para o nada, olha para tudo, e toda vez que não vê o quadro, pensa nele dentro do caminhão de lixo, junto com outros lixos. Comida, brinquedo quebrado, papel rasgado, vidro e plástico, comida estragada. Quase chora, mas não chora. Deita um tanto exausto, vira-se de um lado para o outro, com a cabeça quente. Aos poucos vai ficando mais maleável e adormece. Toda vez que Carlos que tinha algum problema na cabeça, quando podia, dormia, assim acordava e esquecia ou pelo menos já não o abatia tanto assim. Talvez aquilo fizesse mal dalí a algum tempo, mas não se importava. O imediato era esquecer que uma genialidade tinha ido para um lixão qualquer, com tantas outras coisas. Sua obra enfeitando lixo. Lixo dos ricos, lixo dos pobres, lixo de todos, e dos ratos. Seu lixo enfeitando a obra.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vermelho cor de sangue - Parte 9

Pedaços de unha jogados na camisa. O tédio lhe dava, enquanto angústia, ansiedade por aquilo que queria fazer, porém que não existia, ainda. Dentro de sua cabeça uma imensidão inóspita, onde seus temores passavam como cometas, atingindo o gozo que tinha de ser feliz por ser feliz. E a felicidade, enquanto droga, exigia dele o esforço para além da simplicidade. Ser feliz agora siginificava não mais um sentimento e sim uma sensação efêmera, material e um tanto fria.

Sozinho, já bebia meia garrafa de café e nem se dava conta do quão rápido a semana passava, pois já era quinta-feira. Ao longo da semana, trocaram afagos pelos cantos da casa. Para qualquer que fosse o lugar que olhasse, lembrava-se dela. A presença da guria já se tornara insaciável.

Raia o dia. Mais um dia. Sexta-feira. Luz, calor, banho, roupa, rua, pão, primeiro cigarro, café, momentânea necessidade de trabalhar e logo em seguida, monotonia.
Se olha no espelho e pensa na vida a seguir. Vai ao Centro do Rio tomar um café.
Andando de cabeça baixa, cigarro na mão e pensando nos paralelepípedos aos quais pisar, depara-se com a confeitaria Cavé. Entra, pega comanda, olha-se nos espelhos, senta-se e pede ao invés de um carioca, como de praxe, um capuccino. Enquanto bebe, observa as pessoas ao redor. Um casal de velhos silenciosos. O senhor com um suco amarelo, aparentemente de maracujá, e a velha com um café e um croissant no prato, com um pouco de farelo nos cantos da boca pintada de vermelho. Em outra mesa uma jovem menina, aparentemente 16 anos, lendo um livro em francês com uma xícara na mesa e um copo d'água pela metade. Numa outra mesa um homem engravatado conversa com olhar de desejo e maldade para uma mulher que alisa a mão do mesmo, também vestida socialmente. Além do garçom que o olha com a cara de quem não gosta nem um pouco do trabalho.
Noite, trânsito, gente, frio, outro maço, monotonia. É profundamente agoniante o calor da depressão que carrega Carlos entre os ternos ambulântes do Centro do Rio. Pega o bondinho e volta pra casa.
Antes de pegar no sono, começa a divagar deitado na cama. Vê o quanto a vida não tem nada a lhe oferecer a não ser uma vida feliz e fútil com mulher, filhos e correntes em forma de gravata. Sente um forte repúdio ao que o mundo quer que se submeta. Pensa em Cons, e fica de pau duro ao lembrar das horas de amor. Ao mesmo tempo percebe que a vida não é nada. Comer, beber, rir, pensar, mijar e morrer. Já quase perdendo a consciência promete a si mesmo aproveitar a vida enquanto esta lhe oferece o lado bom da moeda. Pensa em consumir ao máximo Constanza. O pau fica mole e ele dorme.