Com menta naquele lugar. É bom.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Bianchi e os valores capitalistas.

[Matéria publicada no jornal Inverta, n°426. Agosto de 2008.]


O que seria inviável pra você, caro leitor?

Ter relações sexuais com seu patrão para não ser demitido talvez, mas não foi o caso do personagem fictício de Sergio Bianchi em “Cronicamente Inviável”.

O roteiro foi escrito por Gustavo Steinberg e Sergio Bianchi no qual se originou uma serie de frases polemicas, como “(...) tudo que é exclusivamente nacional é motivo de orgulho. futebol, café, mulata, injustiça social, crianças mendigas na rua...”, frase no qual é dita por Luis (Cecil thiré) dono de um refinado restaurante de São Paulo.

Assim como segue, o filme conta um pouco da vida de seis personagens de classe média e suas dificuldades mentais e físicas em meio aos problemas da sociedade, como cita o diretor.

Alfredo (Umberto Magnani) é um escritor que está realizando um passeio pelo país, buscando compreender, os problemas de dominação e opressão social. Após uma caminhada em meio ao carnaval baiano ele cita que o “projeto baiano” é o mais genial, pois enquanto o capitalismo e o socialismo tentam mobilizar as massas, o “projeto baiano” consegue distrair o povo dos problemas sociais. Adam (Dan Stulbach), garçom recém chegado do Paraná se destaca dos demais empregados do restaurante de Luis por sua descendência européia, tanto por seu aspecto físico, quanto por sua boa instrução. Maria Alice (Betty Gofman) é uma carioca classe média-alta que está sempre preocupada em manter o mínimo de humanidade na relação com as pessoas de classe mais baixa, e é casada com Carlos (Daniel Dantas), um homem com uma visão pragmática da vida, que acredita na racionalidade como forma de tirar proveito da bagunça típica do Brasil. Amanda (Dira Paes), gerente do restaurante de Luis, é uma pessoa cativante, com um passado incerto, encoberto pelas várias histórias que costuma contar para os amigos e os refinados clientes do restaurante.

O filme que foi lançado em 1999 ganhou diversos prêmios como o de melhor filme do ano na APCA e melhor longa no Festival de Buenos Aires e o prêmio especial do júri jovem em Locarno.

Sergio Bianchi é famoso por sua obra na questão da luta de classes bem retratada no cotidiano do Brasil. Em “Cronicamente inviável” cenas como uma briga entre um líder camponês e um latifundiário, moradores de rua que brigam entre si,para comer o lixo do restaurante e que são tratados como cães, crianças em trabalho escravo, abuso de poder em jovens negros e freqüentes discussões de membros da classe média sobre o comportamento social das classes menos favorecidas são bem exploradas pelo diretor, que em todos os seus filmes critica arduamente o capitalismo no nosso país.

Cronicamente inviável é realmente “um soco no estomago” dos capitalistas, expressão famosa, feita pela critica.