Com menta naquele lugar. É bom.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 12

Talvez o certo seja desistir. Talvez eu pare de beber. Talvez eu largue o cigarro, temporariamente. Talvez eu nem saiba quem sou eu.Talvez eu esteja ficando louco. Como num sonho ruim, onde tudo é muito escuro, e nada dá certo. Parece que a gente vai ficando cego, que por mais que tente abrir os olhos, a claridade forte não deixa, e então a cegueira fica confortável, e você só fica a ouvir. E de repente você acorda, e vê que toda cegueira não passou de um sonho, e toda aquela escuridão foi só sua cabeça tentando te amedrontar, pois na vida real, a claridade de chama para a vida, o sol forte que foge à perciana quebrada vem te acordar com tapas na cara. Se ele falasse estaria dizendo: Acorda filha-da-puta!


Depois de dramaticamente acordar um tanto assustado, o preguiçoso Carlos não vê mais saída para a aflição que carrega em seu peito. Nada te interessa na rua, e muito menos dentro de casa. Pois na rua ele alimenta a venenosa esperança de encontrar Constanza, e dentro de casa apodrece à espera da campaínha. Nesse vai-vem emocional, Carlos encontra no chão perto da porta um papel que muito parecia uma carta. Nela dizia "Para o dono dos quadros de merda". Imediatamente abriu o papel e lá havia sim, uma carta, ao que tudo indicava, da pessoa que esperava. Mas antes de ler afobadamente, respirou, sorriu, foi até a poltrona, acendeu um cigarro e então passou os olhos minuciosamente em cada palavra, vírgula, ponto, rasura, dos longos garranchos que no final assinava como "Sua Constanza inconstante".

Ficou um tanto apreensivo ao ler a carta, e se perguntando quanto tempo a carta já não estaria ali em sua porta, já que ela não datou no papel o dia que escreveu. Mas ficou tranquilo ao pensar que pelo menos os dias que vai se torturar à espera dela, serão menores. Na carta, além da bronca pela discussão no último encontro deles, ela diz que terá que se ausentar por um bom tempo, não deixando claro quanto tempo, mas ressaltando no último parágrafo que voltaria.
Assim, Carlos há de fumar e roer unhas, pois tanto ela pode chegar amanhã, no próximo verão, ou então tarde demais, aponto de não encontrá-lo.

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