Com menta naquele lugar. É bom.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vermelho cor de sangue - Parte 1

“Entrando naquele quarto( um pouco atordoado), onde as paredes eram sujas de poesia, encontrei a famosa 'branca' esquecida no chão. Cocaína. O abajour dava um tom meio amarelado àquele ambiente, que propiciamente, me conduziu à cama, onde traguei minha 'branquinha'. A cocaína que me refiro, era a vizinha”.


No final de outrubro, Carlos alugou um apartamento no Centro do Rio, para poder se dedicar ao trabalho. Era artista plástico, e pretendia fazer uma exposição dalí a três meses. Pelo fato de não conseguir associar a vida que levava de "socialzinha" na casa dos amigos bem sucedidos, isolou-se em uma rua muito tranquila de Santa Tereza para poder se dedicar ao que mais gostava de fazer, pintar, e como tanto almejava, expor suas obras, para necessariamente não ser mais julgado de "o artista que tinha como ápice de criação seu caixão pintado por si". Em seu novo e temporário lar, foi se familiarizando com a vista que dava para os trilhos do bondinho, que por sinal passava inumeras vezes, o tirando a atenção. Atenção que tirada o tranquilizava da dor de cabeça por não conseguir achar a inspiração para seu último quadro. Aos poucos, a pequena sala foi se enchendo de telas, tintas, pincéis, rasuras e garrafas de vinho. Nada de conseguir pintar o quadro pra fechar o acervo. Uma quarta-feira ensolarada, Carlos acordou um pouco mais cedo por causa de um pesadelo. Com sede, foi à geladeira beber um pouco de água e matar aquela leve ressaca. Acendeu um cigarro, com o copo d'água foi até a varanda ver o bondinho passar. Olhando com dificuldade decorrente do soco que levava do sol em sua vista, dolorosamente avistou uma mulher que caminhava com uma sacola cheia de verduras e frutas, e um jornal de baixo dos braços, olhando para atravessar a rua, também com dificuldades de enxergar por causa da claridade que tinha em seus olhos. Uma rosa no cabelo, pele suave e levemente dourada. O vestido um tanto justo ao corpo, com decote admirável, e o rebolado de uma menina tímida na passarela das ruas cariocas. Carlos não acreditava em amor a primeira vista, muito menos no amor, mas naquele momento, com sua água e cigarro nas mãos, sentiu a maior sede de sua vida. Uma vontade súbita de beber aquela mulher, literalmente beber aquela mulher. Sua sede era até o momento, insaciável.

Um comentário:

Bruna Fernandes disse...

Ahh ta agora entendi...ele é artista plástico (fui ler o 10 antes do 1 =s agora entendi rsrs)