Com menta naquele lugar. É bom.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vermelho cor de sangue - Parte 5

Estou acordado às três da manhã. Lá fora ouço sirenes penetrando num silêncio tão delicado quando o desenho da lua nova no céu estrelado. Alguns minutos atrás ouvia London London do Caetano e agora ouço o silêncio. Minutos atrás bebia vinho, ouvia Caetano e me perdia no escuro dos meus olhos fechados. Agora presto atenção no silêncio da rua, olhando as paredes com vontade de vomitar. Estou pensando nela porra. Preciso fazer alguma coisa. Preciso voltar a viver, assim como vivia antes de conhecer ela. Fazer as coisas sem pensar nela, esquecê-la. Eu nem a amo, apenas quero comê-la. Amar é coisa de garoto. Não estou mais na quinta série amando a menina da oitava. Fernanda, como amava ela... Nem me dava bola! Cartas de amor e cantadas ensaiadas pra nada. Me deu um toco como se eu fosse uma coisa qualquer. Mas também, o que ela diria. "Não" é "Não" em qualquer situação. Alí vi que o amor não existia. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo... Acho que estou ficando louco, conversando comigo mesmo. Minha mente não pára. Será que tem algum momento em que eu não pense em nada? Foda-se. Estou com sono. Estou enjoado e com sono. Pra ser sincero comigo, eu queria ser amado como um dia amei Fernanda, mas sei que isso não existe de verdade. Na verdade eu não quero morrer sozinho. Eu quero a Cons. Constanza. Constanza. Constan... Constanz... Const...


Todas as Quintas à noite, Pedro, Dudu, Guga e Carlos se encontram no apartamento de Sandro, no Leblon, para beber cerveja e falar sobre futebol, mulher e trabalho, enfim, da vida. Desde que viu Constanza daquela varanda que Carlos não aparece na social, e depois de um bom porre sozinho em sua casa, decide reaparecer.
Bate na porta com um engradado de cerveja na outra mão e um sorriso na cara, Quando a porta é aberta, a festa é como se tivessem vendo a ressurreição de um amigo. Quem atende é Pedro, o amigo mais pobre dos cinco. Trabalha como supervisor numa empresa de telemarketing e ainda mora com a mãe. Guga é ator e vive do dinheiro do pai. Dudu é gerente de uma empresa de carros importados na Barra da Tijuca e Sandro trabalha numa produtora de filmes trash. Carlos dá a cerveja para Pedro por na geladeira enquanto vai abraçar o resto da rapazeada. A noite vai ser longa.
Dudu instala o videogame na tevê e fala sobre o novo jogo de futebol que comprou, mais atualizado e com melhor gráfico. Pedro encostado na porta da cozinha com uma cerveja na mão conversa com Carlos sentado no sofá ao lado de Guga, que enrola um baseado, enquanto pergunta por onde esteve todo esse tempo:
- Aconteceram muitas coisas e ao mesmo tempo nada. - Responde Carlos.
- Porra! Como assim? - Pergunta encabulado Pedro.
- Conheci uma guria.
- Sabia que tinha mulher envolvido nisso! - Interrompe Sandro, sentado ao chão fumando um cigarro.
- Que mulher é essa? - Pergunta Guga passando em seguida a língua no baseado.
- Uma vizinha minha lá.
- E ae? - Questiona excitado Dudu com os controlhes do videogame na mão.
- Ainda não rolou nada demais. Apenas umas prosas, mas a mulher ta me tirando do sério.
- Então deve ser gostosa... - Palpita Pedro.
- Mas se tu ainda não comeu nem nada, por que tu sumiu seu viado? Como ta lá os quadros? - Acendendo o baseado, pergunta Guga.
- Tenho pintado uma coisa ou outra. - Responde Carlos
- O Carlos vai ter como ápice de sua criação o próprio caixão pintado por ele mesmo, vocês vão ver! - Brinca Dudu.
Dalí até às sete da manhã do dia seguinte, os velhos amigos mataram a saudade e ouviram as novidades de Carlos, jogando videogame, bebendo cerveja temperada com a maconha que Guga levara. Carlos se sentia como nos tempos do segundo grau, quando os mesmo matavam aula no aterro do Flamengo para fumar maconha vendo o Pão de Açúcar. Carlos estava feliz. Por um bom momento esquecia Constanza e se sentia leve. Amigos, o melhor anti-depressivo que ele conhecia bem.

4 comentários:

Geovani Martins disse...

Po cara, to curtindo bastante o seu blog, comecei gostando do nome, li as histórias do cigarro, semelhantes as minhas... E to curtindo muito vermelho cor de sangue.

Parabéns, vou virar seu seguidor.

Se quiser dar uma olhada no meu blog:
www.alternativamenteconvencional.blogspot.com

Abraços, Geovani.

Anônimo disse...

to esperando a nova parte, e os três cigarros.

Cesar Prata disse...

foi essa, alias, quem tu és?

Unknown disse...

ainda estou lendo.
ainda bem que atualizou! beijo