Com menta naquele lugar. É bom.

domingo, 8 de agosto de 2010

Vermelho Cor de Sangue - Parte 15

Dentro de casa já não se sentia tão à vontade. Carregava um peso que o fazia querer andar, e ao mesmo tempo uma agonia, um incômodo consciente de não querer pausar naquele marasmo. sentia-se como estivesse morrendo. Entre o não-querer daquele marasmo e a indisposição, Carlos começa a agredir o próprio corpo, inicialmente como uma brincadeira, mas conforme via que o choque de sua mão fechada contra o oposto braço lhe dava um ligeiro e imediato alívio, passou então a bater com mais força, e em seguida não só em seu braço, mas em todo o corpo. Costas e perna. Talvez fosse o barulho do impacto, ou fosse realmente a dor. Começa então a brigar consigo. Uma briga entre a cabeça e o corpo. A cabeça defendendo os desejos, o corpo refletindo a necessidade. Desejos de reencontrar Constanza, e tirar o peso da solidão. Necessidade de calor, sexo e compania. A dor era apenas um sentimento, um meio de estar próximo daquilo que no momento almejava.
A carne que era branca, então passou a ficar avermelhada, cansada, dolorida. De repente pára por um instante. Se senta ofegante na poltrona e leva as mãos ao rosto, tapando os olhos, escondendo-se do que não sabia exatamente o que era, mas sentia-se seguro. Rapidamente lembrou-se de quando era criança, e fazia o mesmo quando temia algo. Tapava o rosto, deixando pequenos espaços entre os dedos e por ali, observando o que estaria à sua frente, isso lhe dava uma sensação de conforto e segurança. Encostou e relaxou, quase chorou, mas não chorou.
Uma abstinência quase mortal. Como um homem que se entendia por independente, poderia ficar num estado de total descontrole e dependência por causa de uma fêmea? Obviamente não uma fêmea qualquer, mas uma fêmea cheia de mistérios. Carlos não sabia e pouco se importava para o que ela fazia, onde morava, de onde viera, nem o signo dissera. Tão misteriosa quanto uma droga. Carlos bebia aquele veneno sem medir as consequências. Como vinho, bebera demais e agora vomitava toda aquela dor de mal-amor. Mas era muito além de um porre emocional. Toda aquela sua destruição se assemelhava mais à cocaína, tendo por conta as características emocionais de Carlos. Talvez uma mistura de cocaína e vinho. Vomitava toda aquela paixão, mas dentro dele, queria muito mais. Queria consumi-la até seu fim, e consequentemente, quem sabe morrer com um tiro no peito, mas o destino não é gostoso como imaginava. É imprevisível, assim como tudo que acontecera na vida de Carlos, exatamente tudo.

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